A arrecadação tributária de julho de 2025 registrou desempenho recorde, impulsionada pelo recolhimento dos tributos sobre o lucro das empresas. De acordo com dados da Receita Federal, divulgados em 21 de agosto, a soma do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) teve alta real de 8,58% em relação ao mesmo mês de 2024, resultando em um acréscimo de R$ 4,6 bilhões aos cofres da União.
Lucro das empresas como motor do resultado
Segundo o chefe de Estudos Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o crescimento reflete a melhora na lucratividade das companhias.
Na estimativa mensal, modalidade predominante para grandes empresas, a arrecadação cresceu 20,6% em termos reais;
No regime de lucro presumido, apurado trimestralmente, o aumento real foi de 8,21%.
Além disso, houve uma arrecadação considerada “atípica” de R$ 3 bilhões em julho, proveniente de empresas dos setores financeiro, mineração e petróleo, que recolheram acima do usual. Mesmo sem esses valores extraordinários, a alta das receitas administradas teria sido robusta: crescimento real de 4,87%, contra os 5,75% registrados antes do ajuste.
Setores que puxaram o crescimento
O desempenho foi particularmente expressivo em três segmentos:
Setor financeiro: recolhimentos acima do patamar esperado;
Mineração: aumento de contribuição ligado ao desempenho positivo das exportações;
Petróleo: alta influenciada pela valorização das commodities.
Esses setores explicam parte significativa da elevação da arrecadação tributária, em linha com as oscilações do mercado e com os preços internacionais.
Efeito da postergação no Rio Grande do Sul
O coordenador de previsão e análise da Receita Federal, Marcelo Gomide, destacou que a base de comparação de julho de 2024 estava artificialmente elevada.
Naquele ano, em razão da calamidade pública no Rio Grande do Sul, houve postergação dos tributos de maio e junho, que acabaram sendo pagos em julho, impactando os números.
Mesmo diante dessa comparação desfavorável, a arrecadação de julho de 2025 manteve crescimento real, demonstrando resiliência da base tributária.
Outros tributos também contribuíram
O desempenho da Contribuição Previdenciária e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF-Trabalho) foi atribuído ao crescimento da massa salarial no período.
Segundo Gomide, há correlação entre o aumento da arrecadação previdenciária e o avanço da tributação na folha de pagamento.
Já os resultados de PIS/Cofins acompanharam os indicadores de consumo, mostrando como a dinâmica da demanda interna influencia diretamente o recolhimento desses tributos sobre bens e serviços.
Importância para a política fiscal
O crescimento da arrecadação em julho reforça a tendência de recuperação das receitas administradas pela Receita Federal. A melhora no recolhimento do IRPJ e da CSLL, somada ao bom desempenho de tributos ligados ao trabalho e ao consumo, contribui para a estratégia do governo federal de equilibrar as contas públicas sem depender exclusivamente de aumento de alíquotas.
A expectativa é que o comportamento positivo da arrecadação tributária continue nos próximos meses, especialmente com a ampliação da base de fiscalização, a digitalização dos sistemas de controle e a retomada gradual de setores estratégicos da economia.
O resultado de julho de 2025 confirma a força da arrecadação tributária sobre o lucro das empresas como motor de crescimento das receitas públicas.
Mesmo diante de fatores atípicos, como a postergação de tributos em 2024 e a arrecadação extraordinária de alguns setores, a Receita Federal aponta consistência na expansão das receitas administradas.
A combinação de melhora na lucratividade empresarial, aumento da massa salarial e estabilidade do consumo fortalece o caixa da União e oferece base sólida para a execução de políticas fiscais e sociais.
Fonte: Contábeis